Olá,
Convidamos você a chegar e entrar. Para percorrer essa página você pode olhar do seu ponto de vista para a inclusão no ensino superior das pessoas com deficiência ou, como sugerimos, pode se abrir para o encontro com outros modos de olhar e sentir.
Seja bem-vindo!
Nos áudios você encontrará a versão em voz dos textos.
PLURAIS
Um ambiente para aproximar pessoas e histórias de vida, de modo que possamos conhecer, acolher às diferenças, identificar semelhanças. Buscamos na soma das vozes construir um caminho que favoreça o processo de inclusão no ensino superior das pessoas com deficiência na PUC-Rio.
Foi durante encontros realizados no período de um semestre entre um grupo de estudantes, formado por pessoas com deficiência, Barbara Maia, Bernardo Manfredi, Julia Gonçalves e Maria Carvalhosa e a profa. Renata Mattos, do Departamento de Artes & Design, pesquisadora do LINC-Design e coordenadora do NAIPD/PUC-Rio, que nasceu a ideia de um espaço para compartilhar vivências, interativo e cooperativo.
A interação entre os estudantes no grupo gerou acolhimento, troca de experiências e reflexão. Fortaleceu a certeza de que somos únicos e o sentimento de que não estamos sozinhos. Cada voz reverberou no grupo. O registro das falas possibilitou compor uma escrita em conjunto.
Outros estudantes e professores foram escutados. Reconhecemos as vozes. Compartilhamos as falas.
Propomos aqui um espaço de encontro, diálogo e participação.
“Pessoas tratam como se as pessoas com deficiência não têm capacidade de realizar atividades. Algumas pessoas com deficiência demoram mais a realizar as atividades, e por isso precisam de mais tempo (mas não muito superior aos outros). Mas é importante que o estudante com deficiência desenvolva a atividade, pois estamos na universidade para aprender”.
“Todos são provocados a sair de uma zona de comodismo, de modo que se estabeleça um diálogo ético entre alunos e professores sobre inclusão, para ouvir as pessoas com deficiência e procurar soluções que promovem uma maior integração e acessibilidade na educação”.
“Nós aqui conquistamos nossa autonomia e da mesma forma devemos entender que o desafio de inclusão deve ser constante. É necessário que o debate e as propostas sejam coerentes e coesas para que mais pessoas com deficiência possam ter sua autonomia e chegar no ensino superior. Quanto maior a inclusão na educação, melhor caminharemos para um país que respeita verdadeiramente as pessoas com deficiência”.
INCLUSÃO PELO OLHAR E VOZ DE ESTUDANTES
“Eu vejo que ela [inclusão] andou, mas em passos lentos, mas ela precisa alcançar uma gama de alunos não somente pessoas com deficiência visual, mas todos os tipos de aluno […] Eles são pessoas que necessitam das mesmas condições. Então, a universidade é um elo muito grande porque você faz a educação básica e fundamental, ensino médio, você chega na universidade. Acho que é como se você tivesse ganhando uma medalha de ouro. É uma conquista. E essa medalha de ouro tem que ser lapidada, lapidada dando os recursos para que eles possam ser inseridos na sociedade. Então, somente a universidade tem esse poder de transformação.” Graduado em curso do Centro de Teologia e Ciências Humanas
“Tem que chamar, conversar, colocar o aluno em si em evidência. Acho que é uma coisa muito importante. Não sei quantos [alunos]. Tem vários professores que fazem isso, né. Tipo, chamar cada aluno para dar um feedback pessoal. Então, é uma questão de colocar o aluno em questão como fazedor do conhecimento também.” Estudante do Centro Técnico Científico.
“Inclusão é quando abraça-se a causa, independente do que venha pela frente. Inclusão não é tratar a gente, todo mundo, como igual. Não. Igual a gente não é, mas que você permita. Que você dê as ferramentas para que essa pessoa se torne, assim, que dê autonomia e independência para essa pessoa. Às vezes essa autonomia está até mesmo em a gente pedir ajuda. Porque para pedir ajuda a gente também precisa ter coragem. […] Então, a gente precisa de gente que abrace nossa causa e que nos ajude a ter a nossa auto estima lá em cima, na nossa confiança… E, é isso, fornecer os meios pelos quais a gente possa conseguir se virar.” Graduado em curso do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.
“Então, eu tive uma experiência ótima na PUC, como já falei anteriormente. Então, eu acho que está no caminho [a inclusão], está tentando chegar no ideal, mas ainda faltam algumas questões. Por exemplo, uma coisa que eu noto muito na PUC é, tipo, tem muita escada. […] Seria bem importante criar um ambiente onde a acessibilidade seja mais perceptível.” Graduado em curso do Centro de Ciências Sociais.
“Inclusão pra mim foi atitude que a professora teve comigo. Ela pegou a minha mão e disse: -“vamos juntas, o que eu posso te ajudar? O que que eu posso fazer por você? Não desiste. Eu tô aqui.” Isso pra mim é inclusão.” Estudante do Centro de Teologia e Ciências Humanas.
“O rumo que a inclusão deve tomar no ensino superior, de maneira geral, é a atenção. Literalmente a atenção, porque o sistema, muitas vezes, é formado por profissionais de ensino superior. Então, exatamente por isso, o ensino superior tem uma responsabilidade muito forte para com a sociedade.” Estudante do Centro de Teologia e Ciências Humanas.
“Eu acho que a tecnologia pode ajudar muito. Acho que a evolução da tecnologia pode trazer mais benefícios e trazer mais inclusão. O problema é que a gente não sabe até aonde as universidades estão dispostas a pagar por essa tecnologia. Eu espero que a universidade se empenhe mais nisso porque a quantidade de deficientes que fica de fora por achar que não vai conseguir é muito grande.” Estudante do Centro de Ciências Sociais.
“Inclusão no ensino superior é você tratar todo mundo igual sem distinção. Eu, de acordo com a minha experiência, eu fui cobrada da mesma maneira que qualquer outra pessoa ali dentro. Então, para mim, não houve distinção, entendeu? Pra mim isso é ótimo. Mas eu acho que a grande dificuldade pra mim é sim no mercado de trabalho. Eu hoje trabalho numa empresa gigante, eu trabalho com adesão na área comercial. […] Eu nunca visitei um cliente pessoalmente. Nunca me colocaram para visitar um cliente pessoalmente.” Graduado em curso do Centro Técnico Científico.
INCLUSÃO PELO Olhar E VOZ DE PROFESSORES
“Inclusão é a maneira como eu penso a educação para todos. […] É como ela está na constituição. É como ela está em todos os aspectos. […] Se está escrito no texto constitucional que é para todos, não é para alguns, não é para uma parcela, não é para um pedaço. Qualquer pessoa que tenha, que queira acessar a educação, ela tem por direito, né, de ter espaço, de ter acesso a isso. Então, eu vejo na educação especial essa direção, quer dizer, eles têm que ter acesso porque é direito de todos. A educação é um direito de todos. […] Como é interessante você ter um aluno especial na turma. Especial não é. Um aluno com deficiência na turma. Porque ele faz com que os outros pensem essa deficiência. Isso eu observo muito aqui. A aluna mesma chamava a atenção para algumas coisas. Esse aluno, ele dá um movimento para essa turma. […] Ele potencializa porque ele faz com que todo mundo, de certa forma, pense essa deficiência. Coisa que, se ela não estivesse ali, dificilmente você ia pensar num aluno cego. […] Para o professor é um aprendizado constante e a gente se pega cometendo deslizes o tempo inteiro.” Professor do Centro de Teologia e Ciências Humanas.
“Eu entendo que inclusão é os alunos terem respeitadas todas suas necessidades e os seus direitos de serem tratados como sujeitos. Eu acho que inclusão no ensino superior é isso. Quer dizer, é o aluno ter o direito de ser tratado como sujeito de direitos, ter acesso a todos os recursos que os outros tem e que a universidade disponibiliza para ele. Se ele vai usar ou não, depende dele, mas os recursos estão disponíveis e ele pode acessar. Então, para mim isso é inclusão.” Professor do Centro de Ciências Sociais.
“Ah, em termos de expectativas, da minha parte eram piores que a realidade no sentido que eu achei que eu ia ter que fazer modificações maiores para atender aos alunos. E, no fim das contas, foi um negócio relativamente simples. […] A única coisa que eu mudei, porque um dos meus alunos tinha deficiência visual, eu tentei, porque eu uso slides durante a aula, falar o máximo possível e não apontar – olha, o problema é esse daqui – e o pessoal ler. Não. O problema é esse, isso, isso e isso. Então, eu tentava sempre, falar basicamente todo o conteúdo para não me apoiar 100% nos slides. Mas, em termos de aula essa foi basicamente a maior modificação.” Professor do Centro Técnico Científico.
“Incluir a todos é um exercício. É uma coisa muito difícil. A própria aluna que é excluída, ela teve dificuldade de fazer um trabalho inclusivo, de propor a inclusão no trabalho. […] Nem passou pela cabeça dela. Então, a inclusão é um exercício, né. Porque incluir a todos, pensar em toda a diversidade, eu acho até que é uma utopia. Porque você vai tentar incluir a diversidade que você tem ali disponível. Então, se eu sei que na minha turma tem uma pessoa com autismo, um cego, um surdo ou com alguma deficiência auditiva, eu vou tentar incluir aquelas pessoas que tem ali, mas eu não posso trabalhar com toda a diversidade existente. É impossível, assim. É uma primeira premissa. Por isso que eu acho utópico, mas claro que a gente vai fazer o melhor para isso”. Professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde.
“Na verdade, não são essas pessoas que estão out. Todo o processo de escolarização coloca cada um out. Dai, isso fica mais visível nessas condições. Mas as pessoas todas estão buscando proximidade. É como se fosse colocar diante de nós o que a gente não quer ver: a necessidade da proximidade.” Professor de Cultura Religiosa.
“Mas, acho que inclusão é isso. É você rever seus próprios conceitos. Pensar nisso se você quer avançar.” Professor do Centro de Ciências Sociais.
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